domingo, 19 de setembro de 2010

Parada


Às vezes acontecem coisas que me fazem perceber exatamente a idade que tenho, daí sinto que talvez não esteja no ponto da estrada em que eu deveria estar.

A impressão é que a adolescência estava aqui até semana passada. Há resquícios dela nos CDs, nas roupas e no all star que teima que ficar no pé.

Me diga agora, o que fez com os 26 anos que esteve nesse planeta até agora?

A essa altura da estrada, uma parada é inevitável. Você desce do carro, contempla a vista do mirante. Não é um olhar para trás, como devem fazer os velhos, ao fim da vida – ou devem evitar fazê-lo, dependendo -, mas um olhar em volta: isso aqui sou eu. Vai dar tempo de mudar alguma coisa?

Já deu pra notar uma certa tendência em seu comportamento e uma certa tendência de resposta do mundo em relação à esse comportamento.

Tem dado certo?

Antes de voltar para o carro e continuar dirigindo aquela sensação familiar na boca do estomago aparece. Medo.

Será que ainda dá tempo de fazer isso tudo dar certo ou pelo menos se aproximar do que seria o "dar certo".

Encontrar algo inspirador pra fazer, algo que edifique.
Trabalhar em algo que te traga satisfação, que não seja apenas um trabalho de formiga.
Será que vai dar tempo de estabelecer uma relação amigável com o espelho?
Entender o que minha mãe quer de mim?

Será que ainda será possível ter uma mão amada pra segurar nas tardes monótonas de domingo?

Será que algum dia vai ser parecido com o que eu gostaria... será?

Chave na ignição, vamos continuar...

Um comentário:

  1. E tenho dito: Me identifico com tudo isso!
    É amiga, não fomos felizardas em ter um mínimo que gostaríamos de ter, ou de ser(pelo menos por enquanto).
    Isso me fez lembrar Fernando Pessoa no livro do Desassossego: "Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou..." Me senti tão triste quando continuei a ler esse trecho...
    Os "de fora" podem dizer: "Pare de reclamar! Vc tem saúde, tem uma familia, não lhe falta nada!".
    Como disse o poeta: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...".

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